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Se há cerca de 10 anos atrás ainda se discutia sobre o que devia ser o núcleo das preocupações do treinador na construção do seu treino.
Hoje sentimos haver uma crença generalizada, de que o “jogar” da equipe deverá assumir esse papel. Deste modo, a Periodização Tática, nos seus alicerces fundamentais, passou para muitos, de adversária a companheira de viagem. Na sua especificidade, nomeadamente ao nível dos seus princípios metodológicos, ainda subsiste um longo caminho a percorrer, muito devido à enorme complexidade que protagoniza. Porém, como vimos a referir há anos, a ruptura mais importante ao nível metodológico, parece-nos ter vindo para ficar. Hoje, o treinador, e não nos referimos a alguns técnicos que gravitam à sua volta, acredita que treina-se para jogar, fundamentalmente… jogando.
O conhecimento do jogo, e o contexto cultural que o treinador encontra foi um dos temas mais abordados. Dadas as diferentes experiências culturais dos intervenientes a importância que o treinador deve dar ao contexto onde se insere, é hoje tida como decisiva. É fundamental o treinador ter idéias para o jogo da sua equipe, ter a sua metodologia, ter consciência e idéias para a sua liderança. Mas é também fundamental, que considere e tenha em conta o contexto cultural onde trabalha nas suas decisões. Só neste domínio, o seu papel exige que pense de forma bidimensional, interagindo entre as suas idéias e convicções, e as dos que lidera e suas características. Mas esta evolução tem obrigatoriamente como constantemente defende o professor Manuel Sérgio, de surgir de uma relação entre a prática e a teoria. Se durante muito tempo se criticaram os dogmas dos que fundamentavam o conhecimento, exclusivamente pela prática, hoje parece assistir-se à inversão dessa lógica.