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A diversidade ajuda, complementa e preenche. Na perspectiva do jogador, eu concordo que ele passe por treinadores diferentes. Porque depois, quando chegar ao profissional, vai ter o Treinador que grita mais o que grita menos, o que comunica mais e o que comunica menos, o que é mais sensível e o que é menos, e ele tem de estar preparado para esses contextos.
O ensino do futebol, seja na formação ou no futebol profissional, é a interpretação do momento na relação entre bola, companheiro, adversário e espaço, e se o jogador souber tirar proveito desta decisão, isto vale para o 4-3-3, 3-4-3, 4-4-2, vale para tudo. O futebol é um fenômeno público e toda as pessoas podem ter opinião. Mas não pode depois aprofundar opiniões sobre coisas que não sabe, que não vivencia. Questionam porque é que joga o jogador x e não o jogador y, sem terem visto uma semana de treinos e sem ter idéia do que é o dia-a-dia do ecossistema que é uma equipe de futebol. Os radicalismos no futebol e na vida não são bons para nada nem para ninguém.
Uma das suas valências são os exercícios que conduzem ao ensino do jogo. Mas se o jovem jogador tem
dificuldades na parte motora, trabalhem a parte motora e se ele tem dificuldades
na técnica de corrida, trabalhem a técnica de corrida.
A minha idéia de jogo é claramente no último
terço liberdade total para a criação, mas até lá liberdade com ordem, e no
futebol não se pode instalar o caos. O Treinador tem o dever de orientar
caminhos e tem o dever de explicar aos jogadores que há ordem e há liberdade, e
tem de dizer qual é essa ordem e essa liberdade, e tem de explicar em que zonas do campo há essa ordem e essa liberdade.
Queremos a bola para fazer gol, não é para ter
por ter. Não quero rotular a minha proposta de jogo, se é atrativa ou se não é. Eu
gosto, há quem não goste. Eu digo é que o futebol também é bonito quando se
defende, porque há quem tenha olhos só para o ofensivo, mas a arte de defender as
pessoas têm de perceber.
As vezes dizem a equipe é muito defensiva. Se a equipe não tiver jogadores para ter a bola, se a outra tem mais capacidade para ter bola, o que querem que a nossa faça? Que ataque? Sem bola? Então, resta-lhe ter a arte de saber defender, e nós Treinadores entendemos a beleza de quem defende e apreciamos as equipes que sabem defender.
E uma equipe que sabe defender é uma equipe que tem muito trabalho em cima do seu treinador, e há que entender os treinadores que não têm dentro das suas equipes jogadores que lhe permitam ter tanta bola e serem tão artísticas e ter criatividade no momento ofensivo, e isso há que respeitar. Quando as pessoas dizem aquele treinador só defende as pessoas têm de perceber que trabalho se desenvolve durante a semana, têm de perceber a qualidade dos jogadores, têm de perceber o que vale uma equipe e outra, para ser analista de futebol tem de se ter respeito. A arte de defender é tão arte como a de atacar.
Prática sem teoria vale pouco, teoria antes e depois da prática é transformadora!