Publicado em: 00/00/0000
Muitos jogadores demonstram, ainda durante a carreira,
potencial para serem técnicos depois da aposentadoria. Um dos fatores
primordiais nesse processo de transição é a capacidade que eles têm para
liderar o elenco em que estão inseridos.
Mas a liderança
exercida por atletas é igual ao que é feito por treinadores?
“Você pode até desempenhar certa ascendência sobre os outros atletas enquanto
jogador, mas precisa se dissociar disso para iniciar a carreira de técnico. Uma coisa é estar ali como referência e outra é comandar”,
compara Mano Menezes.
Quando era jogador, o ex-volante Pintado sempre se destacou pela capacidade de
liderar e orientar seus companheiros. A despeito de admitir que essa
característica foi um dos motivos para ter se tornado treinador, corroborou a
idéia de que é preciso mudar o tipo de ascendência.
“Você precisa ter líderes em campo sempre, porque o líder serve como motivação
e exemplo. Além disso, o líder ajuda o treinador a conseguir passar para os
atletas as coisas que ele acha necessárias. Essa liderança é importante, mas é
totalmente diferente do que um técnico faz”, explica Pintado. A principal
diferença entre as duas posições é a natureza da liderança. Enquanto o jogador que guia o grupo é um líder
por características próprias, o treinador tem essa função por uma questão de
hierarquia. “O treinador é o chefe de tudo”. Ele é o cara que é mais cobrado e
que tem a responsabilidade de escolher os caminhos. O grupo tem de ter líderes,
mas eles agem para motivar os companheiros a seguir as coisas traçadas pelo
técnico”. Diz Muricy Ramalho.
Além da diferença na natureza da liderança, é importante que o treinador
reconheça seu papel diferente em relação aos atletas no processo de
gerenciamento de equipes de futebol. Isso é fundamental para garantir correções
de rota e facilitar a interação no elenco. “Quando você é atleta, precisa se
esforçar para dar o melhor no treino e ajudar os companheiros a conseguirem
esse melhor também. O técnico, além de extrair as coisas boas de todos, precisam
saber como usá-las para montar um time forte. Esse trabalho vai muito além dos
treinos e jogos, e por isso é importante ele saber que não pode ter a
mentalidade que tinha quando jogava”, lembra Muricy.
Mas como o jogador pode fazer para abandonar a mentalidade de atleta e passar a
enxergar o grupo como um técnico? “O mais importante é a preparação. Ele pode
até saber ler o jogo ou identificar problemas nos atletas, mas não vai saber
como arrumar essas coisas se não for se atualizar e estudar” determina o
ex-atleta e treinador Dino Sani.